domingo, 18 de dezembro de 2011

Doce Ardor

Minha poesia é minha história.
Nela, em versos soltos de mim,
descrevo meu momento impar,
singular,
sem esperar ponto
ou outra virgula.

Como numa receita de sabor pessoal
onde descrevo,
com o tempero da minha paixão,
meu prato predileto:
a vida.
Minha vida!

Vai que os anos me esqueçam
(porque eu esqueço dos anos),
ainda restará nos meu livros
esta culinária
cozinhada dia a dia
na rotina dos meus dias.

E hoje, meu bem,
Nas minhas antologias,
te descrevo delicadamente,
com uma pitada de cereja e outra de pimenta,
para dar um doce ardor à minha poesia.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Vazio - Tal Qual em São Leo...

Um mar, que imagino ainda esteja
Dum outro lado desta parede branca.
Tal qual em São Leo.

Um vento sul, escuro e mudo
Soprando entre as janelas surdas.
Tal qual em São Leo.

Um céu sem brilho de clara íris de seda,
Cobrindo meus olhos caídos.
Tal qual em São Leo.

Uma sala, vazia, com poemas soltos
Acariciando os pés de minh’alma.
Tal qual em São Leo.

Um, por que sempre só, esquecido
Num espaço sombrio, sozinho.
Tal qual em São Leo.

Está tudo como é de sempre, praxe.
Só não está, João, o som do teu violão.
Tal qual em São Leo.

sábado, 19 de novembro de 2011

...

Em um corredor de paredes brancas
deixei rabiscos a carvão descrevendo
breves instantes da nossa poesia.
Minhas mãos nas tuas.
Pablo Neruda.
Uma folha de outono desprendida
indo suavemente de encontro
á morte.
Num canto de página,
num pé de folha,
uma outra versão sobre
os versos incompletos.
Tuas mãos sem minhas mãos.
Ponto.
Um inacabado fim.
O fim...
FIM


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Silenciosamente

O silêncio é meu documento interno,

Meu atestado próprio de realidade.

É nele que me escondo

Expondo o que há de mais

Intimo em mim.

No silencio é que penso

O que sou

E sou o que pensam.

Reflito sobre minhas duvidas

Numa pergunta quase que imediata,

Porém, um tanto incrédula.

Aparento coerência

Quando transbordo de

Impulsividade.

É no silencio que te tenho

E te perco,

Numa constante crueldade.

Prefiro silencio

Á palavras a esmo,

Perdidas numa comunicação falha,

Fálica, retrógrada.

Mesmo diante desta poesia,

Prefiro o silêncio...

crepúsculo

a persiana está pela metade da janela
tal qual as pálpebras melancólicas de meus olhos.
ainda não é noite
não é ainda dia.
é frio
mas é verão.
estou desacompanhado
mas não estou sozinho.
tenho um encontro
com um amigo
para mais horas depois,
22h,
mas não é para depois
que preciso
é agora.
tenho um plano para dezembro
mas ainda não planejei o amanhã.
sinto o gosto difuso das salivas
contornando o céu da boca,
rebatendo no estomago
e indo cansar as pernas.
(os dedos não digitam,
suicidam-se)
espio pela janela.
uma rajada de vento frio
acaricia meu braço desnudo.
o primeiro poste acendeu,
sua luz amarela
iluminando de outono
a copa de uma arvore.
cara de passado.
cada segundo é uma lagrima.
cada minuto é de tristeza.
não vejo depressão.
vejo solidão.
silêncio.
a noite vem chegando...


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

cabalistico

gerberas hemorrágicas.

Vamos os fatos:
1) uma sucessão de dois dias nublados
2) uma dor no peito
3) uma loira
4) um culto religioso
5) uma praia a beira mar
6) skate and surf
palavras que se perdem no começo.
uma lembrança de 7 anos atrás.
um ciclo de 5 anos.
1 filho que não nasce.
ciclo.
lenços de papel.
poesia contínua.
poesia da dor...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

again

entre um copo e outro atravesso a rua em busca de outro copo.
a espumaderramada sobre a ponta dos pés, all star,
dependem do que queropra esta noite.
Ora! nada quero! entaõ outro copo cheio!
De vazio, basta minha alma dilacerada elos ultimos informes,pelas últimas noticias
sensacionalistas sobre mnha vida. Vida!
ah, quem dera te-la plena!
outro copo!
um cigarro, tempero morno,
anewstésico contra esta molestia da solidãoi.
suspiro pra dentro,.
Sim, Mario, eu entendo!
ultrapasso as esquinas buscano minha porta,
um pé na bunda! é isso!
isquerio branco, voc e nao sujou.
eu menos ainda tenho tempo para limpar
a merda que faço com meus dias.
alias, tudo parace se repetir,
eu sei dsso, eu vejo!
mas nada sei sobreo que fazer para mudar.
Vê lá na esquina?
sim, é a dor!
vem contudo e na intensidade maior que da ultima que, ainda menor,
quase te matou.
prepar-re-se. VIS MORRER, POETA!
encontrando a cada virgula um fim!
afinal, se ainfda não sabes...

E Amanda adormece bêbada sobre o teclado.





quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Querer

Quero
Querer-te
Sem querer
necessitar-te

Quero-te
Sem querer
Sempre querendo
precisar-te

Quero
Á ti
bem querer
Como quero!

Quero voar,
Em teu ninho
Aninhar-me
Quero-quero!

Quero
Porque quero
Sem mais,

quero apenas
querer-te
sempre mais.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

... (Alves)!

pois, assim,
do branco véu
a cobrir-lhe a vista
(casca)
não vedes;
não ouves,
não sentes!
quem dera fácil
(poesia fútil)
para dizer-lhe
o que queres
ouvir.
nada fácil,
porém alerto!
para assim perene,
como queres,
como lago verde
formado no pós,
sem antes ser turbilhão
de corredeiras
do que há
(e foi)
sendo
a partir
do que poderá ser!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sacrifício

A casa está em silêncio.
Dirige-se do quarto em direção a cozinha. Seu semblante é carregado de angústia. A pouca luz que atravessa o corredor lhe sombreia a face e desenha uma estranha figura agonizante. A mão estalada cobre-lhe o meio do corpo. Dor. Seus pés, avulsos, entrepassam cada passo, quase derrubando-lhe. Cega os olhos ao chegar na cozinha. Produz sombra para as vistas com a mão esquerda erguida. Rufa oxigênio e procura a pia. Dor. Atira-se sobre ela segurando-se avidamente ao inox para não despencar como um saco vazio. Inspira oxigênio com dificuldade. Dor. Apoiando-se bravamente com a mão esquerda, deixa a mão direita apalpar a primeira gaveta e nela, como um peixe que fisga mortalmente o anzol, agarra o puxador e concentra-se para puxa-lo. Abre-a com rispidez, fazendo cada talher atirar-se da inércia noturna dos talheres numa gaveta. Perde a força nos joelhos e quase encontra-se com o chão. Dor. Superando-se, enrijece a palma da mão esquerda e põe-se mais uma vez de pé. Vasculha a gaveta atirando os talheres de um lado ao outro como um cão abocanhando um pedaço de carne. Sente o cabo de madeira e agarra-o com convicção. Seus olhos se erguem fitando a parede de azulejos brancos. Sabe o que fazer. Dor. Retira lentamente a faca da gaveta levando-a à frente dos olhos onde enxerga seu semblante gordo refletido no metal. Seus olhos verdes profundos, como um oceano. Analisa-os cuidadosamente. Corre o olhar decidido sobre a faca. Com força formigante na palma dos pés, leva a mão esquerda sobre a barriga. Dor. Sabe o que fazer. Comerá um sanduíche. Mesmo que a dieta proíba carboidratos a noite...

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Final do quarto capitulo

- Pelo visto vai doer primeiro em mim. Mas não suspire: quando a dor chegar em ti, estarei noutra!
E com um golpe certeiro arrancou seu dedo anelar esquerdo!




to be continued?










Coração Mal Passado!






Frita-me com teus olhos



...







domingo, 18 de setembro de 2011

Gerberas

O telefonema
De tanto que precisou, acabou por ligar pra ela:
- Acho que tive uma ideia!

A idéia
Desde a fatídica discussão, não fez outra coisa senão procurar uma ideia dentro de si. Procurava uma ideia que atendesse aos seus princípios pessoais de bossa. Afinal, acabara de completar os 30 anos de idade. Não exitaria usufruir de uma certa independência boemia. E isso era preciso ser levado em consideração como um dos itens mais importantes de um relacionamento. Junto com a pornografia e o romantismo. O mais importante é que se convencera plenamente da ideia. Enquanto digitava o numero dela no telefone, correu mentalmente uma provável rotina de imprevistos. Era tão boa a ideia, tão boa, que poderia acalentar-se no calor de braços que esperam ao findar do dia, tanto quanto poderia embriagar-se nos abraços de quem espera o surgir da noite. E ela teria o que sempre quis: liberdade financeira e profissional aliados a sua necessidade emocional de ser mulher. Sabia que ela aceitaria. Recuperaria a confiança dela. Poderiam, enfim, ficar juntos.

O destino
Desligou o telefone e ofegante apressou-se para encontra-la. No reflexo de uma vitrine arrumou o cabelo, na janela de um Chevette branco parado na sinaleira alisou a camisa estendendo-a sobre o tórax, na frente de uma floricultura pigarreou como quem prepara a fala e parou. Flores. Gerberas. Entrou, escolheu duas vermelhas e uma amarela. Pediu que embrulhassem em papel elegante, agradeceu e pagou. Quando saiu, desnorteado pela pressa e pelas flores, torceu o pé no degrau. Saiu cambaleando pela calçada procurando um corrimão no ar até invadir a rua e ser atropelado pelo Chevette branco. As gerberas lançaram-se ao ar e caíram sobre o corpo desfalecido. Uma poça de sangue vermelho abriu-se sob sua cabeça como uma aureola mortal.

O fim
Ela tatuou duas gerberas vermelhas e uma amarela no lado interno do pulso esquerdo, casou e teve dois filhos com um jogador de futebol.


19 - 09 - 2011 - 14:01

Um quarto vazio. Branco. Uma poltrona. Sobre ela um velho edredom vermelho. Uma janela aberta. Sujeira no vidro. Um dia nublado. No canto do quarto, no chão, sob a poeira, um notebook conectado a internet tocando Tristan und Isolde - Prelude. Uma xícara de café fumegante. Um cinzeiro e um cigarro aceso. Um relógio parado. Uma dor no peito. Um semblante estático. Um olhar vazio...

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Carta para

São Leopoldo, 12 de setembro de 2011

Baby,

Hoje o dia amanheceu segunda feira ao sol.
Os operários da obra em frente a minha janela continuam martelando o concreto e eu consolidando-me no abstrato. Um lençol azul se estende sobre minha vista superior, uma brisa leve segue levitando um ar morno-resfriado, me mantendo de braços juntos, porém, de mãos soltas. Alguns pássaros cantam. Ouço um João de Barro boêmio, um pardal faceiro e um ben-te-vi irritado: ha muito barulho motor na rua asfaltada.
Apesar de ser mais um dia, sinto que ultimamente os dias vão passando diferente. Por algum motivo sinto o pinicar dos minutos na minha pele, o arder das horas no meu rosto. Segundo Mario Quintana, a vida não cansa quando se vive um dia após o outro. Que será que ele quis dizer? Suponho que seja algo como "não crie expectativas". Ou ao menos não as deixe consumir seu oxigênio. Por que é impossível uma dia após o outro quando se está em expectativa. Há uma necessidade de que as horas pulem de dois em dois ponteiros, que os dias despenquem de trio do calendário. Após completar os 30 anos, passei a viver em intensa expectativa. Os anos e os sonhos acumulados pesam sobre meus passos e eu quero correr para chegar antes. Isso torna cada manhã uma angustia. As vezes quando me dou por conta, já são horas de dormir de novo e eu nunca me lembro em que bolso coloquei o dia que acabou de passar e eu nem percebei. Inerte nas linhas da minha poesia, torno-me reticencias. Mas agora, observando os operários, percebo que a expectativa deles está no próximo tijolo. E lentamente, mas sólido, um prédio se ergue. Será que devia ser um operário?
Na verdade, queria mais calor nos meus dias. Tenho a impressão de que o calor me abre os poros e, assim, utilizo meus 99% de expiração. Confesso que prefiro chinelos do que sapatos. Sapatos são formais demais. Talvez por isso se morra de sapatos. Aliás, a morte anda muito formal. Agora é sempre noticia de jornal, andando engravatada e brilhando em CAPS LOCK. Mas refiro-me a informalidade da criação quando ostento os chinelos. Como podem meus dedos do pé me levarem as estradas da criação se, trancados num sapato, não enxergam sequer a direção? Gostaria de mais calor nos meus dias. Tem momentos que faz tanto frio por aqui, que recolho-me em silêncio para me esquentar de dentro pra fora. Dae percebo que somente a solidão nos cresce e quero mudar-me de endereço. Não como quem foge e deixa tudo pra trás num romântico episódio de uma ficção. Mas como quem quer dizer a si próprio - Rápido! A morte está logo ali e, te garanto, da vida nada se leva! Mesmo o tempo varre as pegadas deixadas.
Assim sendo, é assim como ando vivendo: esperando que os dias esquentem para latejar minha criação e que esta possa me levar a fascinante reta do resto da vida. Mas até lá, maldita expectativa!
Sabe, baby, agora eu entendo tudo o que você me disse e tudo o que você fez por você. E, honestamente, agora percebo o que é amor.

Silenciosamente,

...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Vejamos!

observo meu presente como que do topo de um edificio:
para baixo, cada ano,
cada andar que me sustenta.
o vento futuro me batendo ao rosto,
bofetadas de amanhã.
um passaro azul
sonha ao meu redor
aninhando-se
no aninho dos meus desejos.
nuvens expectativas
rodeiam meu norte
e nelas
cumulonimbos!
estou, presente, perto do céu
onde estrelas me morrem.
vez por outra atiro-me
e sucumbo o eterno instante
entre um andar e outro,
mas,
sempre subindo.
e,
ora vejam:
tic tac!
tal qual Capitão Gancho,
amedontra-me o Crocodilo!

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

tempestades autorais - e meu cabelo se esvai pelo vento....


a nuvem cinza que se aproxima parece um útero que vai parir o só:
uma folha desprende-se do galho e vai morrendo melancolicamente.
uma sacola de plastico branca baila confusa numa atmosfera sua e inútil.
os sapatos rangem apressados numa angustia que não tem tempo.
as sombras alongan-se, ignoram os limites arquitetônicos e agora são toda rua.
um cachorro arrenda-se sob a marquize e espera.
alguém reclama o invitável.
um trem parte.
um trem chega.
uma última gorfada de brisa morna e tudo começa a chorar.
e eu ainda ali, branco, desfoco, só...



sexta-feira, 22 de julho de 2011

por um minuto de desabafo ou desculpe por não ter nada mais interessante para dizer

preciono a palma da mão esquerda sobre a testa tentando retirar esta mascara que me cansa o dia e me corroi em dor o corpo.
observo sem foco o radio relógio que me mostra as horas mas não fala nada.
entre a cortina e vespertino nublado, um vidro imundo de dedos do passado, de vistas cansadas, de minhas olheiras expostas nada vendo lá fora.
silencio minha voz interior.
procuro o botão 'off '.
encontro um ponteiro caido.
mais um gole de café gelado.
coço a barba, irritantemente aspera, com os dedos da mãos direita.
aliso o pouco cabelo com a mão esquerda.
sinto frio na nuca.
um ar gelado atravessa o espaço e vem me encontrar para potencializar minha sina dramática.
tanto outro ignorante pra gripar, tanto outro inóspito pra explorar, tanto outro poeta pra matar e vem me encontrar aqui, neste quarto perdido no meu tempo presente, enquanto eu tento não levantar desta poutrona nunca mais, até que meus ares se extinguam e tudo o que reste é história e uma antologia particular nunca antes escrita.
a mascara não sai, as horas avançam, o café esfria ainda mais e minhas olheiras não dão sinais de retrocediemento.
mas o pior ainda vai ser a noite, quando me deparar com minha angustia e tiver que engoli-la á seco, como uma brasa incandecente que me aniquila a fala e a expressão.
amanhã?
há, amanhã será pior ainda...

terça-feira, 5 de julho de 2011

pequeno diario abordo

terça feira. frio. manhã.

aqueço meus dedos num exercicio continuo, um traquetar silencioso, sobre as teclas do meu computador. necessariamente não sei o que quero dizer com isto, mas, aqueço-me. a cafeteira vez por outra chia algum ultimo gole de agua fervente e me distrai num dialogo elétro doméstico. curvo uma perna sob meu corpo, entre a poltrona, para não gangrenar. não que eu tenha pra onde ir (ou ao menos saiba pra onde ir), mas é importante manter a esperança amarrada em cadarços de All Star. espio o sol pela cortina azul e me pergunta se realmente o sol está lá fora. poderia ser mais uma ilusão de minha mente já fatigada com a realidade. assim como daquela vez em que disse que te amava. aliás, tem sido cada vez mais dificil entender esta metáfora. siceramente tem sido dificil entender uma porção de coisas. mas também, que espécie de texto é este que procurar tentar explicar alguma coisa? convenhamos, meu caro poeta: amanhã amanhecerá novamente e assim será continuamente com poesia ou sem, com você ou sem. ora, lástima! abra uma garrafa, guarde a rolha, tempere a salada com lagrimas, silencie, desapareça entre a multidão, negue a si mesmo, reconcilhe-se, esqueça e sinta saudade. mas não me venha com perguntas retóricas e desesperos rasos!
por que, no fim, meus dedos ainda estão gelados...

terça-feira, 24 de maio de 2011

Vermelho

um pequeno ponto.













encontro;













re-encontro,













pronto: saudade













...

domingo, 22 de maio de 2011

cíclico

e de repente, eis que estou novamente sentado frente ao computador. é nessas horas que sou o que escrevo. mas agora não tenho o que escrever.

e cada vez que me sento e fico em silêncio, procurando o que procurar, angustia-me este fato invunerável que é o futuro, o amanhã, o proximo segundo.

tudo por que ando tentando inserir-me em algum lugar, sentir-me útil. mas um vazio me atrapalha os dedos e me embaralha o raciocinio.

então, fico repaginando o motivo que me leva a não ter o que escrever. e é um motivo relevante, pesado como o ponteiro das horas: eu não sei o que quero ser.

terça-feira, 3 de maio de 2011

intro - !! - ?????????

- quem imaginaria?
soava do canto, o aberto,
da janela.
e a lua lá fora
durante a noite que
pairava escura
depois das 20h.
que engraçado.
até parece que as coisas
são como são.
é este maldito romantismo?
- ah, meu rapaz,
(parece que ouço)
vá lá! faça-se homem!
(... ! )
maldita poesia!
(ah que dói na garganta)

pequena prostituta lunar

pequena prostituta em frente
e vieram dizer-me que não havia jantar!
se todavia não a encontraram
nem por isso deveriam deixar de procurar.
afinal,
provisoriamente não cantaremos o amor.
mas numa via de fogo
e sob um arco sexual
os desiludidos sorrirão
sempre atrás de suas sombras.
a fuga do real,
o lutar com palavras.
uma orelha
ou uma boca?
conclusão:
quantos sentidos e intuições
restam
quando a estes
misturam-se os sons
do meu sapato?

domingo, 24 de abril de 2011

cosby marlango yellow blue

as estradas se curvam encostando terra e céu. um pé ante o outro pé que perante o primeiro é pós pé. passo a passo, o passo. passa a paisagem pelos olhos largos, espelhos d'agua, reflexos convexos do mundo estranho, do mundo externo, do pavor introspectivo, do paralelo desconexo. uma brisa contorna a face. o frio carregado pelo leve vento arrepia os pelos do rosto que eretos tocam as mãos do ar livre. as mãos atiran-se ora a frente, ora a tras, num ensaio, num bailado, numa coreografia marchante. os braços, pares perfeitos, semi curvados, 20graus adelante, como que quase querendo atirar-se, como que quase querendo ausentar-se, como que quase querendo reter. respiração gelada. noite. paralelepipedos amarelados pelas luzes dos postes de iluminação publica, os postes de luz, os postes, as luzes, amarelamento, sépia, antigo, passado... esta dor citrica não passa! ele passa. as estradas ficam pra tras. as pegadas ficam pra tras. os olhos enxergam pra frente, mas choram pra tras...

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

MOSTRA DO CINEMA FRANCÊS CONTEMPORÂNEO

Local: Sala de Cinema do Centro Cultural José Pedro Boéssio (Rua Osvaldo Aranha, 934)
Horário: 19h
Entrada Franca
Apoio: Secretaria Municipal de Cultura de São Leopoldo
Realização: SESC RS

Programação:

01/03 (TER)
A Esquiva
L'esquive (2003). De Abdellatif Kechiche - Comédia dramática - Duração 117’ . Em um conjunto habitacional no subúrbio parisiense, um anjo passa declamando apaixonadamente versos da peça "Le jeu de l'amour et du hasard". É Lydia, embalada por Marivaux e às voltas com os ensaios do espetáculo a ser montado por sua turma de sala de aula para as festividades da escola. Já Abdelkrim, apelidado de "Krimo", no auge de seus 15 anos, é arriado pela sua colega de sala. Ele que se arrasta levando seu tédio pelas quebradas suburbanas em companhia de sua galera, descobre repentinamente o amor. Mas Krimo não é do gênero expansivo além de ter que manter a fachada.Então como se declarar à garota sem perder a pose? Uma solução se impõe: corromper seu amigo Rachid, parceiro de cena com Lydia, para obter o papel de Arlequim. O que Krimo não ousa dizer, Marivaux o fará em seu lugar! Mas a astuciosa manobra torna-se verdadeira odisséia para Krimo, apavorado com a amplitude do texto e as exigências implacáveis de sua professora de francês. Kim encontrará as palavras a serem ditas antes que o boato, as ciumeiras e as inimizades não se metam em seu caminho?

03/03 (QUI)
Até já
A tout de suite (2004). De Benoit Jacquot - Drama - Duração 95’ . Ao desligar o telefone depois de um "até já" do namorado, ela sabe muito bem sem saber ainda aquilo que ela nem imaginava: aquele que ela ama, aquele "príncipe" de parte alguma é um bandido. Ele acaba de cometer um assalto, há mortos. Estamos nos anos 70, ela tem 19 anos e, como num sonho acordado, salta do espaço restrito do apartamento paterno - de longos corredores, num belo bairro - e mergulha de cabeça numa geografia fugitiva - da Espanha para o Marrocos e para a Grécia - passando de uma vida de garota normal para a vida que ela escolheu, com suas delícias e conseqüências.

15/03 (TER)
Assassinas
Meurtrières (2005). De Patrice Grandperret – Drama – 97’ . O encontro de duas jovens normais e um pouco frágeis. Entre elas, uma identicacação imediata. Juntas, elas são fortes, eufóricas. Sem muita sorte, nem muito dinheiro, elas têm apenas seus sonhos. Duas jovens em busca do amor. Cada instante que passa, cada encontro lhes fecha um pouco mais as portas de um mundo que elas não têm as chaves. Com nada no bolso, não se vai longe, ou diretamente muito longe.

17/03 (QUI)
De volta à Normandia
Retour en Normandie (2006). De Nicolas Philibert. Documentário - Duração 113’ . Em 1975, Nicolas Philibert foi assistente de direção de René Allio em Eu, Pierre Rivière, que degolei minha mãe, minha irmã e meu irmão, baseado num crime local descrito em livro pelo filósofo Michel Foucault. Filmado na Normandia, a alguns quilômetros de onde aconteceu o triplo assassinato, o traço mais especial do trabalho de Allio era o fato de que todos os personagens do filme foram interpretados por camponeses da região. Trinta anos depois, Philibert retorna à Normandia para reencontrar estes atores de ocasião, personagens da vida real.

22/03 (TER)
O Último dos Loucos
Le dernier des fous (2006). De Laurent Achard - Drama - Duração 96’ . É verão e começo das férias. Martin tem onze anos, vive na fazenda de seus pais e observa, desamparado, a desunião de sua família: sua mãe vive enfurnada em seu quarto, seu irmão mais velho, que ele adora, se afoga no álcool, e seu pai é dominado pela avó. O menino assiste a um desastre familiar. Mas Mistigri, seu gato, e Malika, uma amiga marroquina procuram lhe reconfortar de alguma forma.

29/03 (TER)
Povoado number one
Bled Number One (2006). De Rabah Ameur Zaïmeche – Drama - Duração 100’ . Mal saiu da prisão, Kamel é expulso da França para seu país de origem, a Argélia. Este exílio forçado o leva a observar com lucidez um país em plena transformação dividido entre o desejo de modernidade e o peso das tradições ancestrais.

31/03 (QUI)
A França
La France (2007). De Serze Bozon - Drama - Duração 102’. No outono de 1917, a guerra prossegue. A milhas de distância do campo de batalha, a jovem Camille leva uma vida marcada pelas notícias que seu marido manda do front. Um dia ela recebe uma carta em que ele termina com o casamento. Desnorteada e determinada a continuar a qualquer custo, Camille decide se disfarçar de homem para encontrá-lo. Ela segue direto ao front de guerra, cortando caminho pelos campos para evitar as autoridades. Numa floresta, passa por um pequeno grupo de soldados que não suspeita de sua identidade. Ela os segue e assim embarca numa nova vida e, conforme os dias e as noites passam, descobre o que nunca poderia imaginar, o que seu marido nunca lhe contou e o que seus novos companheiros irão evitar lhe mostrar: a verdadeira França.

05/04 (TER)
Tudo Perdoado
Tout est pardonné (2007). De Mia Hansen-Løve – Drama - Duração 95’. Victor vive em Viena com Annette, sua esposa e sua filha Pamela. É primavera. Fugindo do trabalho, Victor passa os dias fora, brinca com a filha e vadia no Parque. Apaixonada, Annette está confiante que ele se ajeitará. Mas Victor não abandona os maus hábitos e acaba se apaixonando por uma jovem junkie. Onze anos depois, Pamela descobre que o pai vive na mesma cidade e decide vê-lo novamente.


A curadoria dos filmes foi feita pela tradicional revista Les Cahiers Du Cinéma, promotora histórica da reflexão sobre a arte do cinema.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Dês-rotina

Quando o despertador toca, quem sou eu? Quem é aquele que acorda e enxerga o mundo de novo pela primeira vez? Que mundo ele enxerga? Quem é que ele enxerga quando se fita no espelho do banheiro? De quem é aquela primeira merda do dia, aquele primeiro mijo, aquela primeira remela que se desprende torneira a baixo?
Os sonhos se acumulam na membrana externa do meu interior. Sonhos que durmo, sonhos que acordo, sonhos que vivo. Um sonho. Nada algodão, nada Barbie. Um desconexo com a realidade. Não há nada palpável por aqui. Tudo é abstrato. Tudo é lúdico. Uma palavra e nada acontece. Meia palavra e meia. A sensação de vazio, de preenchimento do nada, de perfuração intestinal/neurotransmissor de meus sensores auditivos e principalmente corrosivos. O som da rua. A rua do meu sonho, dos meus dias da minha morte. Escárnio putrefato do meu ser angustiado sem sexo, nexo, convexo, disléxo, amnésia. Meu espelho, meu rastro. Futuro? Meu passado. Meu presente arrastado. Todo dia, dia a dia, rotina. Dês-rotina...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Afinal...

O antebraço esta caído sobre o braço do sofá empunhando fumaça e brasa. Coloca fogo no ar que respira para prestar atenção no que tenta esquecer: não parece nada fácil encontrar uma nova pessoa no espelho.

A água morna escorre delicadamente sobre seu corpo afogando-lhe o rosto num mergulho vertical ascendente. Mesmo o filete de água fria que jorra do defeito do chuveiro lhe agrada. Prazer. Esta é a primeira e única palavra que lhe define o momento e que paira sobre seu pensamento. Amanda precisava daquele instante. Como é que se conhece, de fato, alguém?A mão escorre o corpo tocando delicadamente cada centímetro de carne, perpassando os dedos no breve instante de pele nua que há entre um pelo e outro. Os olhos fechados criam mundos coloridos e ardentes: nuvens dispersas num céu azul, grama verde, poesia, a umidade do orvalho escorrendo entre as folhas, entre os galhos, entre a coxas entreabertas de Amanda. O ar umedecido pelas partículas de saliva expiradas entre suspiros, entre gemidos, entre reclames ardentes de Amanda. Aquele cheiro amadeirado, aquele cheiro de suor, aquele cheiro de orgasmo. Aquela pele estranha, roçando, coçando, irritando, esfolando. Aquela sensação de leveza, aquele gemido seco, aquele apertar das unhas na pele alheia, aquele realizar-se, aquele enfraquecer de pernas e braços deixando-se atirar relaxado.
O sol esquentando a manhã. O calor vaporizando o asfalto do outro lado do parque, nas paredes dos prédios, nos tetos metálicos dos carros estacionados, no suor das pessoas que passam apressadas, sempre apressadas, correndo atrás de sua pressa, cegas, mudas, surdas. Pessoas que não se conhecem, que se olham, mas não se conhecem, que se cruzam, mas não se conhecem, que se tropeçam, mas não se conhecem. Mas se estão todos os dias. Se amontoam todos os dias em trens, ônibus, calçadas, elevadores. Juntamente distantes. Amanda não entende bem aquilo tudo. Quem entende?
Dá-lhe o último beijo, de bom dia e de adeus, recolhe as garrafas de espumante, ajeita o cabelo, suspira lentamente e se põe a caminhar em direção ao seu carro, vaporizando sob o sol três quadras além daquela praça, daquela arvore, daquela grama, daquele ser que conhecera na noite anterior num esbarrão e que entregou seu sexo, seus desejos e agora dá adeus, sem nem olhar pra trás, sem nem lhe perguntar o nome, sem nem lhe incluir na sua vida, quanto mais, numa lembrança. Assim como fazem todos todos os dias, pelas calçadas, pelos ônibus, pelos trens, pelos elevadores.
Afinal, como é que se conhece, de fato, alguém?

A fumaça branca está dissipada pela sala. Seus olhos mal se mantêm abertos. Já basta. Ponto final.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Hirshimann

Hirshimann caminha ansioso no corrimão que divide o fosso da escada. Braços abertos abraçando o vazio, olhos fixos no próximo passo, respiração continua, joelhos equilibrados sob o corpo. O ar gelado do corredor ressalta o piso frio da escadaria. A frente nada, breu. Um caminho a ser trilhado, como numa forma onde a massa não tem para onde escorrer se não para onde a forma o conduz, num certo destino traçado, desenhado, formula comum sobre os mesmos lugares. Enformar-se, enforcar-se para ser mais um, um outro, mais, apenas, outro. Passo após passo.
Ao fundo, do lado direito, o fosso. Lá no fundo, longe, andares abaixo, uma luz amarela resplandecente, semáforo, sol desprendido da atmosfera quente dos olhos dela. Ela. Desequilibra-se e quase despenca. É na verdade o que esperava. Despencar. É por suma sua vontade ao equilibra-se de forma sócio-circense. Despencar, deixar-se sair, sentir o vento acariciando seus cabelos, umedecendo os olhos, o ar faltando no peito, as palmas das mãos estendidas procurando planar como os sonhos que lhe sobrevoam os pensamentos dia após dia, noite após noite, letra após letra, linha após linha. Atirar-se. Morrer para a vida, viver para a morte. Transe, numa transa. Passo para a passagem. Horizonte para o além. Deixar sentir o gosto estranho que acostuma. Ir, partir, seguir, sumir. Sempre.
Continuamente absorto deste que caminha equilibrando-se quando tudo o que necessita é desequilibrar-se...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

madrugada

de madrugada fico observando a mim mesmo pela janela e, pode acreditar, é sobre você que estou escrevendo. sempre é. algumas coisas definen-se pela sua exatidão, porque mesmo a exatidão requer parametros e não há parametros primais. o resultado da soma é o objetivo da escolha. a lua brilha embassada. lembra aquele versinho escrito em papel de pão? ainda vale. ainda é inédito...
de madrugada fico dedilhando coisas que depois apago. como um naufrago arremessando garrafas poeticas ao mar e deixando a maré desaparecer com elas. como uma pétala de sal. talvez por que existe, sim, um medo de se encontrar... te encontrar...
de madrugada morro e renasço. escrevo e apago, mas nunca minto. por que é de madrugada que meu fantasma favorito vem acompanhar-me no sofá de veludo vermelho. e é sempre sobre vc que estou escrevendo...

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Educador

reassentando a órbita.



ouvindo atentamente aquele zumbido agudo no fundo do ouvido.





mil planos



mil sonhos



anos e mais anos



idade



cidade




Felicidade?




pensando




penando




sonhando





um passo de cada vez





mas agora sentado






reassentando a órbita...