sexta-feira, 22 de julho de 2011

por um minuto de desabafo ou desculpe por não ter nada mais interessante para dizer

preciono a palma da mão esquerda sobre a testa tentando retirar esta mascara que me cansa o dia e me corroi em dor o corpo.
observo sem foco o radio relógio que me mostra as horas mas não fala nada.
entre a cortina e vespertino nublado, um vidro imundo de dedos do passado, de vistas cansadas, de minhas olheiras expostas nada vendo lá fora.
silencio minha voz interior.
procuro o botão 'off '.
encontro um ponteiro caido.
mais um gole de café gelado.
coço a barba, irritantemente aspera, com os dedos da mãos direita.
aliso o pouco cabelo com a mão esquerda.
sinto frio na nuca.
um ar gelado atravessa o espaço e vem me encontrar para potencializar minha sina dramática.
tanto outro ignorante pra gripar, tanto outro inóspito pra explorar, tanto outro poeta pra matar e vem me encontrar aqui, neste quarto perdido no meu tempo presente, enquanto eu tento não levantar desta poutrona nunca mais, até que meus ares se extinguam e tudo o que reste é história e uma antologia particular nunca antes escrita.
a mascara não sai, as horas avançam, o café esfria ainda mais e minhas olheiras não dão sinais de retrocediemento.
mas o pior ainda vai ser a noite, quando me deparar com minha angustia e tiver que engoli-la á seco, como uma brasa incandecente que me aniquila a fala e a expressão.
amanhã?
há, amanhã será pior ainda...

terça-feira, 5 de julho de 2011

pequeno diario abordo

terça feira. frio. manhã.

aqueço meus dedos num exercicio continuo, um traquetar silencioso, sobre as teclas do meu computador. necessariamente não sei o que quero dizer com isto, mas, aqueço-me. a cafeteira vez por outra chia algum ultimo gole de agua fervente e me distrai num dialogo elétro doméstico. curvo uma perna sob meu corpo, entre a poltrona, para não gangrenar. não que eu tenha pra onde ir (ou ao menos saiba pra onde ir), mas é importante manter a esperança amarrada em cadarços de All Star. espio o sol pela cortina azul e me pergunta se realmente o sol está lá fora. poderia ser mais uma ilusão de minha mente já fatigada com a realidade. assim como daquela vez em que disse que te amava. aliás, tem sido cada vez mais dificil entender esta metáfora. siceramente tem sido dificil entender uma porção de coisas. mas também, que espécie de texto é este que procurar tentar explicar alguma coisa? convenhamos, meu caro poeta: amanhã amanhecerá novamente e assim será continuamente com poesia ou sem, com você ou sem. ora, lástima! abra uma garrafa, guarde a rolha, tempere a salada com lagrimas, silencie, desapareça entre a multidão, negue a si mesmo, reconcilhe-se, esqueça e sinta saudade. mas não me venha com perguntas retóricas e desesperos rasos!
por que, no fim, meus dedos ainda estão gelados...