terça-feira, 23 de agosto de 2011

Vejamos!

observo meu presente como que do topo de um edificio:
para baixo, cada ano,
cada andar que me sustenta.
o vento futuro me batendo ao rosto,
bofetadas de amanhã.
um passaro azul
sonha ao meu redor
aninhando-se
no aninho dos meus desejos.
nuvens expectativas
rodeiam meu norte
e nelas
cumulonimbos!
estou, presente, perto do céu
onde estrelas me morrem.
vez por outra atiro-me
e sucumbo o eterno instante
entre um andar e outro,
mas,
sempre subindo.
e,
ora vejam:
tic tac!
tal qual Capitão Gancho,
amedontra-me o Crocodilo!

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

tempestades autorais - e meu cabelo se esvai pelo vento....


a nuvem cinza que se aproxima parece um útero que vai parir o só:
uma folha desprende-se do galho e vai morrendo melancolicamente.
uma sacola de plastico branca baila confusa numa atmosfera sua e inútil.
os sapatos rangem apressados numa angustia que não tem tempo.
as sombras alongan-se, ignoram os limites arquitetônicos e agora são toda rua.
um cachorro arrenda-se sob a marquize e espera.
alguém reclama o invitável.
um trem parte.
um trem chega.
uma última gorfada de brisa morna e tudo começa a chorar.
e eu ainda ali, branco, desfoco, só...