terça-feira, 21 de dezembro de 2010
cena
ele esgueirou-se sob o corrimão da escada pendendo seu corpo sobre o fosso indo observar, com os olhos puxados em força, o fundo escuro daqueles 13 andares. soltou um cuspe que lhe agarrou por um fio de saliva aos lábios e desprendeu-se, atirando-se para de encontro com o chão frio do andar térreo 15 segundos depois. ele fez força na mão esquerda que o segurava e voltou seu corpo para dentro do corredor. sentou-se, agora, com as pernas soltas no fosso, atravessando seus braços por sobre o corrimão e cantarolando uma musica infantil indecifrável, como faria uma velha ama que cansou da vida de cuidados aos mais frágeis, enganando o tempo para deixar-se morrer de vencimento. ficou ali por alguns segundos, perdido num olhar fixo para a parede branca suja de breu. inspirou fundo, levantou-se lentamente, bateu a mão direita sobre o corrimão espiando mais uma vez o fosso escuro e pôs-se a caminhar vagarosamente, como quem já esta satisfeito com o que tem e não busca mais nada com pressa, ou como alguém que não sabe para onde caminhar, por isso, valsa. os olhos penetrados ao chão, observando os pés que levantam-se 30 cm para dar o próximo passo. começa a ouvir murmurinhos. a sua frente uma porta fechada contornada de claridade externa. observando-a pensa em exitar. não quer continuar. por que não, pela primeira, desligar tudo do todo que compõe sua história e buscar um folha em branco? Como de costume, exita exitar. segue nos seus passos nervosos. abre lentamente a porta. ela abre-se para o palco do teatro com a cortina vermelho veludo ainda fechada. inspira fundo, retoca com um toque leve dos dedos sua maquiagem facial branca de contornos labiais vermelhos e segue para a cena...
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