sábado, 7 de julho de 2012

sabado

Ele está apavorado enquanto bebe o café tranquilo e quente na manhã gelada. Sente socar o peito, levemente deformado, de dentro pra fora, como um grito esmurrando uma porta que o abriria para o silencio do desabafo interno. Olha a cada letra para o numero seis esperando compenetradamente pelo sete enquanto distrai-se na exacerbação meticulosa da cronica/conto/nada. Tenta buscar em pensamento uma imagem, um pedido de socorro, mas nada busca encontrando o que não procurava e aquilo que não o preenche no vazio daquela sensação de salvação ordinária e asquerosa. Preferia o som rude das palavras ao silencio sarcástico. Enquanto o café desaparece na xícara e a bateria aproxima do fim o discursar solitário, perde-se na visão da rua e seus transeuntes úmidos e escarrados. Uma nuvem de bafo quente e viral acumula-se a cada janela, cada vidro, cada lado de dentro transformando a paisagem em uma pequena London Street Capilé. Asco. O inverno é cheio de individualidades coletivas. O inverno é repleto de solidão. Ele está apavorado. E pede mais uma xícara de café. Não há condições de dormir por que não há mais condições de sonhar.

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