Amanda rabisca no topo do roteiro e começa a pensar no desenvolvimento da história:
- cena teatral de pequena cidade suburbana destruída por arrogante que desempenha seu papel de persuasão em pról de seus interesses particulares e é assassinado por blog de um elemento do publico frustrado com a ultima cena.
Não. Direto demais.
- ator desesperado foge sem rumo da cidade onde nasceu por que não suporta mais aquela cena teatral e seus artistas se cumprimentando a cada fim de espetaculo dizendo: "ah, vc estava ótimo!" e monta um quiosque de frutos do mar em Santa Catarina.
Não. Romântico demais.
- produtores teatrais boicotam ator que não sabia se posicionar e este morre de desgosto montando espetaculo infantil em escolas pelo resto de sua vida.
Não. Horripilante demais.
Amanda acende um cigarro, sorve um gole de café frio e fica em silencio vendo passar o dia pela janela. Levanta-se calmamente, vai até sua estante, apanha algumas dezenas de recortes de jornais, cartazes de espetáculos, algumas fotos e empilha tudo sobre a mesa. Junto, a folha rabiscada com o roteiro inacabado. Depara-se com aquilo tudo por alguns minutos, até que a brasa de seu cigarro encontra o filtro e ela o joga no meio da pilha de memórias cênicas e observa. De repente fumaça, de repente fogo, de repente cinzas.
Amanda de um sopro limpa a mesa e recomeça no topo da folha:
"Vende-se uma lona de circo"
e eu, que ainda penso em assassinar a Amanda, vejo que ela, por si mesma, já está morrendo um pouco!
ResponderExcluirPreciso me apressar!